sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Crítica de "The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years"

Os Beatles talvez sejam a máxima do que pode ser entendido como uma cultura globalizada. É impressionante o impacto que aqueles 4 jovens músicos de Liverpool causaram no mundo. Seria um pleonasmo dizer que é a banda mais influente de todos os tempos - em todos os aspectos da arte, não só na música. O legado dos Beatles não estava nas músicas em si, mas no jeito como se portavam, seu instinto de rebeldia, que instigavam pessoas do mundo inteiro a admirá-los. O mais impressionante foi o curto tempo de turnê que tiveram (cerca de 4 anos). Por mais que a história dos garotos de Liverpool seja bastante conhecida, obras como "The Beatles: Eight Days a Week" potencializam a admiração à banda.

Uma das funções primordiais de um bom documentário é apresentar uma história, com comprovações históricas e documentos, que sejam pertinentes à proposta do diretor. E isso Ron Howard conduz com maestria. Apesar de muitos poderem alegar que os Beatles em si já seguram o filme, Howard apresenta um papel crucial no processo. Seu trabalho de entrevista concomitante ao som de músicas consagradas dão ao longa um ritmo extremamente ágil. Ao mesmo tempo que o espectador conhece um pouco as histórias de bastidores, a melodia de fundo torna aquele ambiente familiar. Outro mérito do documentário é saber separar a banda de cada integrante. Apesar de se passar durante os anos de turnê, o filme consegue dar um bom enfoque aos diferentes beatles. Somos apresentados aos diferentes trejeitos e sonhos de cada um - porém nunca esquecendo da sua importância juntos.

Esse estilo de direção ajuda muito na compreensão do próprio sucesso da banda. Ao conheceremos as individualidades dos astros, sabemos reconhecer como cada peça funciona em harmonia. Essa importância dos Beatles como grupo (na forma mais primordial da palavra) e não como um amontoado de pessoas com interesses comuns é um dos grandes diferenciais da banda. Basta analisarmos o fato de que, provavelmente, você sabe o nome de Ringo Starr, George Harrison, Paul McCartney e John Lennon. Mesmo os fãs, sabem reconhecer as individualidades dos artistas, mas sabem que a união deles é algo fantástico.

Outro aspecto que o filme enaltece á a chama "Beatlemania": aquele fervor que fazia com que pessoas esperassem em filas gigantescas para um ingresso. O sucesso era tamanho que já não era mais seguro fazer show em lugares fechados, sendo necessário a ida para um estádio de baseball. Foi assim que a primeira banda no mundo se apresentou em um estádio esportivo desse tamanho. Musicalmente, existe algo interessante aqui. Mesmo que os Beatles sejam uma unanimidade, cada pessoa tem suas músicas preferidas e sua fase predileta. Aqui, percebe-se uma subjetividade extrema na apresentação das canções. Parece que estamos ouvindo um compilado das músicas preferidas do diretor. Isso torna o trabalho surpreendentemente autoral, possibilitando que o público enxergue determinada canção de forma diferente. Ron Howard consegue, com habilidade, restaurar imagens antigas de shows e entrevistas, dando uma nova linguagem à banda. O documentário é excelente não só por se tratar dos Beatles, mas devido à inventividade do diretor em tornar o ritmo extremadamente dinâmico.

Nota: 

- João Hippert

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