quinta-feira, 28 de abril de 2016

Crítica de "Capitão América: Guerra Civil"

Marvel. Nos dias atuais este nome tem se tornado sinônimo de dominância das telonas. Com uma média de 2 filmes por ano, a empresa inclusive possui 3 das 10 maiores bilheterias de todos os tempos (Homem de Ferro 3 e os 2 filmes dos Vingadores). Mas, não se engane; isso não significa perfeição. Apesar da Marvel possuir excelentes películas como "Homem de Ferro", "Os Vingadores", "Guardiões da Galáxia"; também possui algumas catástrofes como "Homem de Ferro 3" e "Thor". Mas, apesar de tudo isso, a Marvel continua sendo a principal empresa cinematográfica visada no mercado. A que se deve esse fato? Ora, muito se deve ao presidente Kevin Feige que, antes de qualquer um, pensou na possibilidade de um universo coeso dos heróis no cinema, assim como acontece nos quadrinhos. Os anos foram se passando e o público foi conhecendo os personagens: odiando alguns, adorando outros. E, 8 anos após a estréia do primeiro filme do UCM (Universo Cinematográfico da Marvel) chega aos cinemas o embate entre os dois vértices da produtora: Capitão América e Homem de Ferro. Baseado na homônima HQ "Guerra Civil", o filme começa com um ataque, durante uma missão dos Vingadores, que resulta na morte de muitos civis. O poder público, então, se mobiliza e oferece aos heróis uma espécie de acordo que limitaria a liberdade de atuação do grupo. Eis que surge a polarização da equipe: de um lado, comandados por Tony Stark, estão os defensores do acordo, enquanto do outro estão os contrários a essa legislação, chefiados por Steve Rogers.

Primeiramente, há de se dizer que existem muitas diferenças entre o material original e o filme, Mas, isso é completamente compreensível. Com a divisão dos heróis entre Sony e FOX, o longa não pôde contar com os X-Men nem com o Quarteto Fantástico, elementos fundamentais para a história em quadrinhos. Além disso, aqui vê-se o aparecimento de personagens inexistentes na HQ como é o caso do Soldado Invernal. Mas, os roteiristas Cristopher Markus e Stephen McFeely (responsáveis por todo o universo do Capitão América nos cinemas), realizam um primoroso trabalho de adaptação. Mesmo com as diferenças quanto a mídia primordial, o roteiro consegue captar a essência do conflito entre os personagens e aprofundar nesse assunto. Enquanto no recente fiasco da DC "Batman vs Superman" os heróis lutam sem motivação alguma, aqui vê-se um nítido embate entre ideologias. E foi esse fato que movimentou tanto as redes sociais. A divulgação do filme foi fantástica e os fãs entraram na brincadeira Time Homem de Ferro ou Time Capitão América. A escrita do filme contribui muito para o engrandecimento da história, visto que acresce camadas aos personagens, já tão conhecidos. E o melhor: tudo isso é feito num curto espaço de tempo. Pode-se dizer que a palavra que define esse filme é funcionalidade. Basta lembrar que o Pantera Negra e o Homem Aranha ainda não existiam no Universo Marvel. Aqui, porém, eles recebem o tempo necessário para conhecermos os personagens e nos importarmos com eles. E o melhor: os roteiristas entendem que o grande público já conhece o Amigão da Vizinhança, portanto não se preocupam em apresentar uma história de origem. Isso dá muita dinâmica para o filme e uma espécie de familiaridade exacerbada com o personagem.

Por se tratar de um filme de super herói, muitas pessoas apresentam o pré-conceito de considerar esse uma obra sem nenhuma inteligência por trás. Mas, o terceiro filme do Capitão mostra o contrário. Usando desse fundo ideológico já citado, o longa aproveita para desenvolver o panorama político mundial. É interessante a forma como o longa imagina a opinião pública quanto a presença de heróis atuando na sociedade. Por um lado, eles são os salvadores do mundo. Por outro, em seu trajeto deixam rastros de morte. Ao exprimir as opiniões dos heróis nos protagonistas dicotômicos, o roteiro provê ao espectador uma chance de se sentir mais à vontade com algum dos lados. Logicamente, tratando-se de um filme do Capitão América, a parte dele é um pouco mais valorizada. Mas, mesmo assim, as motivações de Tony Stark são claras e, até mesmo, coerentes. O humor típico da Marvel está de volta aqui. Não existe um alívio cômico; as piadas são distribuídas entre praticamente todos os personagens. Os que merecem destaque são Falcão, Homem Formiga, Visão, e, é claro, o Homem Aranha. O único problema do roteiro são algumas cenas desnecessárias que não acrescentam em nada à trama. Além disso, existem alguns erros de continuidade que se apresentam como coincidências textuais, que tentam favorecer a história, mesmo de forma errada. Apesar desses pequenos aspectos, o longa, em seu total, não é muito prejudicado. A Marvel ensina para a DC como construir um universo coeso e coerente, além de exemplificar muito bem a apresentação de personagens dentro de um único filme.

A direção dos irmãos Anthony e Joe Russo é eficiente. Como esperado, o longa apresenta inúmeras cenas de ação. A direção nessas cenas é espetacular. Misturando novas técnicas como o uso da Gopro com antigas como o recurso da câmera na mão, os diretores conseguem passar para as telas combates viscerais e extremamente realistas. Isso também é muito ajudado pela mixagem, edição de som e trilha sonora que cumprem papel crucial com essa proposta. Anthony e Joe apresentam uma direção extremamente estilizada, com combates bem coreografados e filmados. Conscientes da extrapolação das cenas impossíveis fisicamente, os diretores até inserem no roteiro trechos dos personagens brincando com a própria ignoração da física. Mas, o grande problema do filme é sua edição e montagem. Se por um lado os irmãos filmam as cenas de ação como ninguém, por outro não vêem a hora certa de parar. Existem combates desnecessariamente longos que tiram um pouco a ansiedade do espectador pelo que virá em seguida. Muitas vezes são cenas de luta em sequência que, mesmo muito enérgicas, provocam um certo tédio. O elenco do filme está sensacional. Existem momentos extremamente dramáticos no longa, mais do que a Marvel costuma prover. Robert Downey Jr prova o grande ator que é ao oferecer, possivelmente, a melhor interpretação que ele já fez do Homem de Ferro. Atualmente, é praticamente impossível diferenciar o ator de Tony Stark.

Chris Evans também demonstra uma evolução absurda, visto que dá credibilidade para algumas ações controversas de seu personagem. O ator apela para um lado um pouco mais emocional que funciona bastante com o personagem. O elenco de apoio também está muito bem. Daniel Brühl apresenta muito carisma na interpretação do vilão e consegue fugir do caricaturismo padrão. Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Don Cheadle, Paul Rudd... Todos excelentes e extremamente bem afinados com seus papéis. Não podemos dizer que é um dos melhores filmes da Marvel, pois está um passo atrás dos 3 grandes da produtora. Mas, não obstante, o longa consegue cumprir sua principal proposta: realizar um combate coerente entre os dois maiores heróis do universo cinematográfico. "Capitão América - Guerra Civil" é um filme que se destaca pelo desenvolvimento dos personagens, pela construção de ideologias e com a preocupação em relacionar o universo fantasioso dos heróis com o mundo real. Contudo, por outro lado, existem cenas de ação em demasia e excessos de roteiro que o impedem de ser perfeito.
Obs: Existem 2 cenas pós-créditos

Nota: 



- Demolidor

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