segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Crítica de "Roger Waters The Wall"

Pink Floyd. Uma das bandas mais importantes e influentes do século passado. Tendo início em 1965 na Grã Bretanha, o grupo é responsável por clássicos como "Wish You Were Here" e o icônico álbum "The Wall" (que inclusive possui um documentário). Eis que surge uma turnê de Roger Waters relembrando o álbum "The Wall" e, por conseguinte, um documentário. Este acompanha o show inteiro e conta com entrevistas exclusivas e emocionantes.

Como documentário, o filme é surpreendente. Não é uma produção padronizada (até porque não poderia ser tratando-se de Pink Floyd). O longa não segue uma linearidade. O show é interposto por entrevistas e pensamentos filosóficos de Waters. Isso dá uma dinâmica imprescindível ao filme, principalmente pelo tema das músicas se relacionar com as situações. Aliás, não é possível apreciar a música da banda sem prestar atenção nas letras politizadas e reflexivas que se tornaram símbolo de uma geração revolucionária e subversiva. Isso pode ser analisado até no título do álbum "The Wall". Todas as músicas fazem alusão a essas barreiras imaginárias a quais todos estamos submetidos e que precisamos sair. Aliás, as músicas do álbum acompanham a jornada de um personagem que se relaciona muito com o próprio Roger Waters. Durante o filme, é apresentado o fato de seu pai ter sido morto durante a Segunda Guerra Mundial e como isso o influenciou para seguir o caminho da música. Por meio de suas letras e melodias, Roger procurava transpor o sofrimento pessoal que possuía para o meio exterior. Um ponto interessante do filme é que a direção é de Roger Waters e Sean Evans (nenhum diretor com alguma experiência). Mas isso dá uma naturalidade absurda ao longa. Os momentos de diálogo são de tal imersão que o espectador realmente se vê dentro daquele universo. Por isso o mundo da sétima arte é tão bonito. Não é preciso efeitos especiais ou qualidade técnica para a direção ser boa, basta ser natural e apresentar os enfoques necessário à proposta do filme. E, nesse quesito, o documentário acerta em cheio.

Musicalmente, não há o que falar. São as músicas que todos conhecem (e sabem da qualidade) numa telona e sob um contexto apresentável. O que vale sim ressaltar não está no filme em si, mas no filme que existe dentro do filme (Inception?). A produção do show é tão grandiosa e recheada em efeitos sonoros e visuais que se comparam com uma produção cinematográfica (podendo até superar certos longas). É uma explosão de cores combinada com efeitos sonoros que remetem a aviões e bombas que trazem um quê de psicodélico ao filme. Mas, como poderia ser de outra forma? Pink Floyd tem uma proposta extremamente psicodélica (o símbolo mais famoso é um triângulo e um arco-íris) e é isso que os dá grandiosidade: a originalidade e a inibição de reproduzirem o que sentem. Dessa forma o show se configura como um retrato resumido da banda e isso é motivo de emoção para os fãs. Trata-se de um filme que não estreou em rede nacional, apenas sessões reservadas, contudo vale a pena se programar para assistir. Mesmo se o espectador não for um grande fã, passará a ter mais respeito por esta e apreciará a a produção como uma verdadeira obra de arte. Trata-se de um belo documentário sobre um ótimo show de uma das melhores bandas de todos os tempos.

Nota: 




- Demolidor

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