Logo no início já percebemos que é uma tentativa de quebrar a tradição do grupo. Fazer com que Sue e Johnny sejam irmãos adotados, dar uma nova perspectiva da origem da mutação, tudo altera-se comparado ao material original. Isso pode até ter afetado alguns fãs, mas trata-se de uma visão do diretor que merece ser avaliada de acordo com a história. Porém a história é ridícula. O roteiro é totalmente sem ritmo. Faz com que o espectador fique o filme inteiro esperando por uma cena que não chega. E quando existe a possibilidade de um vilão bem feito (Doutor Destino), este perde toda a credibilidade. Após uma cena extremamente empolgante com o vilão, ele é rapidamente resolvido. Trata-se de um dos maiores vilões do Universo Marvel! E o tempo de tela dele é tão curto quanto uma aparição do Stan Lee. Por falar em Stan Lee, mesmo sabendo que os direitos do filme pertencem a FOX, espera-se uma pequena aparição do criador disso tudo. Porém ele não aparece nenhuma vez no filme. E além disso, não existe nenhuma cena pós-créditos. Parece que os roteiristas simplesmente esqueceram de que o filme faz parte da Marvel e resolveram fazer um filme independente. Se fosse para fazer tal filme não seria necessário o peso do nome do Quarteto Fantástico. Mas nem tudo no filme é tão ruim assim. A química entre os personagens é muito boa e em termo de tom este longa é melhor que seus dois esdrúxulos antecessores. Além disso, o roteiro apresenta questões profundas sobre reconhecimento científico como por exemplo ninguém saber o nome do engenheiro que projetou a Apolo 18, mas todos saberem o nome de Neil Armstrong por ser o primeiro astronauta na Lua. Trata-se de uma reflexão sobre mérito e sobre a indústria expositiva dos ídolos. Mas mesmo com um conceito tão rico, este foi deixado de lado durante todo o filme.
A direção é de Josh Trank. Anteriormente ele havia dirigido "Poder sem Limites". E assim acaba sua filmografia. Um diretor com a experiência de apenas um longa em seu currículo teria capacidade para dirigir um blockbuster com tal orçamento? A resposta é não. Sua direção é confusa e não sabe onde é preciso um enfoque da história. A direção é como um leque aberto, onde várias histórias são abertas, mas no final poucas se fecham. Além disso, o trabalho com um orçamento tão alto não fez bem para o diretor que fez sua fama com a câmera na mão de "Poder sem Limites". Muitos efeitos foram mal acabados e tão artificiais que percebe-se que são efeitos. Com um ano com filmes como "Jurassic World" (praticamente impecável em relação a montagem e aos efeitos especiais"), Quarteto Fantástico apresenta sérios problemas. Não parece um filme de 2015. A única coisa que o visual do filme fez bem foi a fisionomia de cada personagem. O Coisa está de certa forma mais realista e os poderes de todos heróis foram bem explorados. Até agora parece que o único ponto bom do filme foram os personagens, não é mesmo? E é exatamente isso que salva o filme de um desastre total. Além de um visual bem feito e tramas interessantes, os personagens são interpretados por atores em grande forma. Atores da nova geração de Hollywood que mostraram um competente trabalho em suas interpretações, porém sem um roteiro bem acabado e uma direção segura são um talento desperdiçado.
Trata-se de uma das maiores decepções do ano. Um filme que foi despretensioso ao ponto de contar uma história monótona do início ao fim e acontecimentos previsíveis. Tudo bem que trata-se de um filme de origem e que primeiro precisa-se estabelecer o universo para depois criar a história, mas aqui o universo é construído de forma apressada e a história não passa nada de interessante. Talvez o elenco bom, sob uma direção competente possa vir a fazer continuações melhores. Mas, em 2015, somos presenteados com uma espécie de "Quarteto Fantástico Origins" que nos faz sentir saudade das piadas bobas com o Coisa no filme de 2007.
Nota:
- Demolidor
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