segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Crítica de "Êxodo: Deuses e Reis"

Ridley Scott é um dos melhores diretores em atividade nos EUA. Ele não precisa provar isso pra ninguém. Ele é responsável por levar às telonas grandes marcos da ficção científica como "Blade Runner" e "Alien". Além disso, o diretor se mostrou bastante capaz na direção de filmes históricos como no inesquecível "O Gladiador" e no bom filme "Robin Hood". Com uma carreira dessa nas costas, o mínimo que se espera é um bom filme. Mas, infelizmente, aqui Ridley não dispõe dos elementos que o tornaram tão reverenciado.

O filme conta a história de Moisés, seguindo a risca o que está escrito no Antigo Testamento.É uma história que todos já estão cansados de saber, pois já foi levada a diversas mídias, inclusive a um filme de animação. O que fazer para uma história tão mastigada se tornar original? O primeiro passo seria um bom desenvolvimento de personagens. Mas esse é o pior problema do filme. Todos os personagens são extremamente rasos. O público não se apega a ninguém, nem mesmo ao protagnista. Diferente de "Gladiador", onde o público sofria junto com o protagonista, aqui ele se torna totalmente indiferente. O roteiro apresenta Deus na figura de um menino, na hora que ele se comunica com Moisés. Essa opção de representá-lo dessa forma não dá certo, pois assim o Criador não é tão temível e inalcançável como deveria.

Apesar de ter uma atuação relativamente boa, Christian Bale é prejudicado por um roteiro que não o ajuda. Assim sua atuação não é bem usada e não é justificada. Se foi contratado um ator tão bom assim, o mínimo que se esperava era que seu personagem fosse marcante.O inusitado é que os dois filmes já citados tiveram Russell Crowe como protagnista e este deu muito certo. E agora quando tentam mudar um pouco, trazendo um ator à altura o filme não se sustenta. O elenco coadjuvante do filme é pífio. Apesar de ter participação de grandes atores como Ben Kingsley e Aaron Paul, eles quase não são usados. O personagem que mais se destaca é Ramses interpretado por Joel Edgerton. Porém, sua atuação é razoável, oscilando entre ótimos e péssimos momentos.

O longa também tem seus pontos bons. Ele foi gravado na Espanha com cenários interativos e muito pouco CGI (efeitos digitalizados). Isso demonstra um ótimo trabalho, pois a ambientação fica muito mais realista. Aliás, a representação do Egito Antigo está perfeita. Tanto no figurino das pessoas como na arquitetura dos prédios e das pirâmides, tudo remete muito bem a esse período histórico. A direção de arte é excelente. A direção com a câmera na mão é muito boa. Ridley consegue como ninguém gravar cenas de ação históricas da forma mais realista possível. É provavelmente o melhor diretor atual em cenas de batalha.Sua direção sempre deixa essas cenas com o maior índice de realidade possível. O problema é que essas cenas são raras, só existe uma no início que deixa o público esperançoso e depois elas desaparecem.

Os efeitos especiais do filme são excelentes e muito bem renderizados. Nesse quesito o filme é impecável. A pena é que um longa não deve se sustentar apenas com ótimos efeitos. Quando assiste-se a um filme do gênero épico espera-se sempre uma trilha sonora marcante. Contradizendo essa afirmação, o longa apresenta uma trilha extremamente clichê e que não empolga o público como deveria. O filme deve ser visto pelos fãs do diretor ou por quem estiver a fim de ver uma excelente reconstituição histórica. Mas se está em busca de um roteiro épico, o melhor a se fazer é reassistir "O Gladiador".

Nota: 

- Demolidor

Nenhum comentário:

Postar um comentário