sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Crítica de "O Abutre"

Los Angeles. A cidade dos anjos. Quando cita-se essa cidade pensamos em Hollywood, a Calçada da Fama, enfim lugares glamourosos e coloridos. Porém, esse filme desde o início nos dá um novo ponto de vista. A primeira cena tem uma panorama extremamente escuro, até mesmo, gótico e somos introduzidos na vida de Lou Bloom (Jake Gyllenhaal). Logo na primeira cena ele é pego roubando uma cerca de arame, é abordado por um segurança particular e o mata a sangue frio. Não existiria modo mais eficiente de apresentar o persoagem. Somente com essa cena, descobrimos que Lou é um personagem totalmente surpreendente e extremamente frio. A partir dali, o público já fica curioso com sua história e quer saber de sua conclusão.

Lou passa então a ser um repórter "freelancer", que sempre tenta cobrir os acontecimentos criminais da cidade antes de qualquer um chegar. Nesse panorama somos introduzidos ao mundo do jornalismo americano, desde a corrida para o furo jornalístico até a negociação do réporter com a TV. Tudo isso é muito bem explicado, sem nenhum narrador mediador. O universo das redes de TV é todo explicado através dos diálogos entre os personagens. Aliás, o protagonista é um excelente personagem. Mesmo com métodos extremamente pontuais e muitas vezes controverso, o público se indentifica com ele. Lou se apresente basicamente como a figura de um anti-herói. Além do personagem ser forte, a atuação de Jake Gyllenhaal merece ser destacada. O ator demonstra-se extremamente versátil e prova àqueles que acham que trata-se apenas de mais uma carinha bontinha de Hollywood que estão errrados. É fruto de um trabalho de extrema ascensão, muito acentuado pelo ótimo filme "Os Suspeitos", de 2013.

A direção é de Dan Gilroy. É seu primeiro trabalho como diretor. Anteriormente, foi responsável pelo roteiro de "Gigantes de Aço" e "O Legado Bourne".Em seu primeiro trabalho na direção principal, Gilroy impressiona. Apresenta uma direção extremamente limpa, mas também capaz de causar apreensão no expectador. Apesar do roteiro ter bastante mérito em criar os acontecimentos, é a direção que consegue passar a tensão necessária. O filme todo é bem montado e a fotografia é belíssima. A maior parte do filme é passada a noite, então o cenário mais "dark" da cidade é bem explorado pelo diretor de fotagrafia. O título o Abutre nos remete à escória dos animais, aquele que se alimenta de restos em decomposição. Pode-se dizer que o protagonista pertence a um tipo de escória, mas ele não está satisfeito com isso. Ele está sempre em busca de melhores condições. Talvez seja por isso que nos identificamos com um personagem deveras controverso.

O roteiro, assim como o protagonista, é surpreendente. Começa contando uma simples história de um trabalhador em busca de ascensão profissional e viaja até a própria busca do personagem pela sua verdade interior. O final do filme apresenta-se muito bem durante o clímax e consegue fechar a história na hora certa. Dan Gilroy nos oferece uma bela surpresa, que desenvolve o batido tema da busca do ser-humano por evolução. Mas,como o filme retrata, essa evolução pode vir da queda de outras pessoas.

Nota: 

- Demolidor

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Crítica de "Operação Big Hero"

Parece perfeito, uma receita infalível. Por que não juntar a equipe da animação da Disney com os personagens da Marvel? Os diretores Don Hall e Chris Williams foram os primeiros a realizar essa receita. E o resultado? Uma hora e quarenta de pura diversão e ação. Claro, sem faltar o lado cômico da Marvel.
A história é sobre Hiro (um gênio de treze anos) e Baymax (um robô progamado pelo irmão mais velho de Hiro). Os dois, junto a um grupo de mais quatro, formam o grupo Big Hero 6.
A animação tem um traço bastante oriental mas não deixa de ter o tom Disney. A história se passa no futuro, na cidade de San Fransokyo (uma mistura de São Fransisco com Tóquio). A ambientação futurística é muito bem feita e a forma como mesclaram as duas cidades é muito interessante.
Um dos fatores que trazem diversão extra para o filme é o fato dos personagens principais serem "nerds" e de realizarem muitos experimentos e invenções. Um mais criativo que o outro. O mais legal é que isso acaba influenciando na ação à medida que vamos chegando ao clímax.
Diferente de "Guardiões da Galáxia" e "Os Vingadores", aqui fica muito claro quem são os protagonistas do grupo (Hiro e Baymax). Aí entra o principal problema do filme. Não existe um apego com os outros quatro personagens no grupo. É bem provável que você saia do cinema sem lembrar o nome de todos eles. Porém, isso é parcialmente resolvido com a comédia. Já que não nos apegamos muito àqueles personagens, pelo menos rimos deles.
É inegável que o robô Baymax seja o melhor personagem do longa. As piadas mais engraçadas vêm dele. Não porque ele é um personagem engraçado, mas porque sua limitação apenas àquilo que foi progamado e seu formato geram situações hilárias.
Hiro também é um personagem interessante. Seu arco na história é bem claro. Ele começa como um menino sem rumo e se resolve após grandes acontecimentos - uns bons, outros ruins.
Um filme produzido pela Disney e pela Marvel não pode ser algo ruim. Recheado de piadas e ação, o longa é muito divertido. No fim, a receita infalível não falhou.

Obs: Existe uma cena pós-créditos

Nota:

- Bilbo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Crítica de "Êxodo: Deuses e Reis"

Ridley Scott é um dos melhores diretores em atividade nos EUA. Ele não precisa provar isso pra ninguém. Ele é responsável por levar às telonas grandes marcos da ficção científica como "Blade Runner" e "Alien". Além disso, o diretor se mostrou bastante capaz na direção de filmes históricos como no inesquecível "O Gladiador" e no bom filme "Robin Hood". Com uma carreira dessa nas costas, o mínimo que se espera é um bom filme. Mas, infelizmente, aqui Ridley não dispõe dos elementos que o tornaram tão reverenciado.

O filme conta a história de Moisés, seguindo a risca o que está escrito no Antigo Testamento.É uma história que todos já estão cansados de saber, pois já foi levada a diversas mídias, inclusive a um filme de animação. O que fazer para uma história tão mastigada se tornar original? O primeiro passo seria um bom desenvolvimento de personagens. Mas esse é o pior problema do filme. Todos os personagens são extremamente rasos. O público não se apega a ninguém, nem mesmo ao protagnista. Diferente de "Gladiador", onde o público sofria junto com o protagonista, aqui ele se torna totalmente indiferente. O roteiro apresenta Deus na figura de um menino, na hora que ele se comunica com Moisés. Essa opção de representá-lo dessa forma não dá certo, pois assim o Criador não é tão temível e inalcançável como deveria.

Apesar de ter uma atuação relativamente boa, Christian Bale é prejudicado por um roteiro que não o ajuda. Assim sua atuação não é bem usada e não é justificada. Se foi contratado um ator tão bom assim, o mínimo que se esperava era que seu personagem fosse marcante.O inusitado é que os dois filmes já citados tiveram Russell Crowe como protagnista e este deu muito certo. E agora quando tentam mudar um pouco, trazendo um ator à altura o filme não se sustenta. O elenco coadjuvante do filme é pífio. Apesar de ter participação de grandes atores como Ben Kingsley e Aaron Paul, eles quase não são usados. O personagem que mais se destaca é Ramses interpretado por Joel Edgerton. Porém, sua atuação é razoável, oscilando entre ótimos e péssimos momentos.

O longa também tem seus pontos bons. Ele foi gravado na Espanha com cenários interativos e muito pouco CGI (efeitos digitalizados). Isso demonstra um ótimo trabalho, pois a ambientação fica muito mais realista. Aliás, a representação do Egito Antigo está perfeita. Tanto no figurino das pessoas como na arquitetura dos prédios e das pirâmides, tudo remete muito bem a esse período histórico. A direção de arte é excelente. A direção com a câmera na mão é muito boa. Ridley consegue como ninguém gravar cenas de ação históricas da forma mais realista possível. É provavelmente o melhor diretor atual em cenas de batalha.Sua direção sempre deixa essas cenas com o maior índice de realidade possível. O problema é que essas cenas são raras, só existe uma no início que deixa o público esperançoso e depois elas desaparecem.

Os efeitos especiais do filme são excelentes e muito bem renderizados. Nesse quesito o filme é impecável. A pena é que um longa não deve se sustentar apenas com ótimos efeitos. Quando assiste-se a um filme do gênero épico espera-se sempre uma trilha sonora marcante. Contradizendo essa afirmação, o longa apresenta uma trilha extremamente clichê e que não empolga o público como deveria. O filme deve ser visto pelos fãs do diretor ou por quem estiver a fim de ver uma excelente reconstituição histórica. Mas se está em busca de um roteiro épico, o melhor a se fazer é reassistir "O Gladiador".

Nota: 

- Demolidor

sábado, 13 de dezembro de 2014

Crítica de "O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos"

Aqui estamos. Pela última vez criticando um longa situado na Terra Média de Peter Jackson. Uma jornada que se iniciou com a inesquecível e praticamente perfeita trilogia "O Senhor dos Anéis". Depois de um tempo respirando, voltamos a visitá-la em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada", um filme que se configura bem no gênero aventura e é bem fiel ao universo Tolkien. Eis que chega "O Hobbit - A Desolação de Smaug", um filme com roteiro extremamente aberto, sem uma história central definida e decepcionante.

O que esperar do último filme duma trilogia controversa? Todo o marketing do filme estava voltado para "O último adeus". Isso significa que acabou o universo da Terra média no cinema. Pelo lado fã é triste em pensar nisso. Então, além de corrigir as pontas soltas do segundo filme, este longa tem a responsabilidade de encerrar uma obra com uma legião de fãs de forma emocionante. Consegue? Bem, diria que o filme é bom. O roteiro consegue corrigir os erros de seu antecessor aos poucos, porém algumas gorduras insuportáveis continuam. Exemplo pleno disso é o romance inexplicável entre a elfa Tauriel e o anão Kili. Parece que só existe para a saga ter alguma história de amor. Outro problema que o filme herda do segundo é o início. O longa já inicia com o dragão atacando a cidade e o Smaug é resolvido nos primeiros quinze minutos. O ideal era o início desse filme ser o final do outro. Assim a história teria muito mais coerência e ritmo.

Como já diz o título, o foco do filme são as batalhas. Apesar de terem uma direção bem característica de Peter Jackson e seus exageros, elas são demasiadas. Se existe algum personagem favorecido nesse filme é Thorin. Esse é seu filme definitivo e é aqui que finalmente nos apegamos com o personagem. Além dessa parte do roteiro ser bem desenvolvida, o ator Richar Armitage merece destaque por sua grande atuação, até mesmo surpreendente. Aliás, o elenco todo está ótimo. Luke Evans como Bard está excelente. Este é outro personagem que cresce bastante durante o filme, mas torna-se pouco original e fica muito parecido com outros líderes humanos como Theoden em "O Senhor dos Anéis". Bilbo tem um papel importante no filme, porém não é o principal. Isso é estranho, pois no livro a parte que ele realmente se destaca é a retratada no longa. Martin Freeman continua bom na interpretação do hobbit, mas sua ausência é notada. Uma das minhas cenas preferidas foi a aparição de Saruman e Galadriel. Mesmo não acrescentando muito a história, é uma cena empolgante e dá uma sensação nostálgica boa. Outro ponto bom do filme são os créditos onde toca a bela música "Last Goddbye" de Billy Boyd.

"O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos"apesar de tudo é um bom filme. Na certa, poderia ser bem melhor com algumas alterações. Além disso, o filme deixa claro a seguinte afirmação: o grande problema e a grande qualidade do Hobbit é Senhor dos Anéis. Apesar do filme todo ter seus momentos ótimos e seus momentos pífios uma coisa é certa: o final é épico.  A cena final é extremamente bem construída e emocionante. É ali que vemos a real ligação entre o Hobbit e Senhor dos Anéis e ali cai a ficha que acabou.

Nota:




                              - Demolidor