segunda-feira, 5 de maio de 2014

Crítica de "Getúlio"

Getúlio Dornelles Vargas. Talvez ele seja a figura política mais importante da história do nosso país. Ora ditador, ora presidente da república, Vargas comandou o Brasil por 18 anos e meio. O gaúcho foi importante para o Brasil, principalmente para os trabalhadores brasileiros. Conhecido como "pai dos pobres", Getúlio foi uma figura controvérsia, mas representativa para a história do Brasil. Já estava na hora dele ganhar um filme! O filme acompanha Getúlio (Tony Ramos) em seus últimos dias; desde o atentado ao jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges) até o seu suicídio.

O roteiro é de George Moura ("Gonzaga: De Pai pra Filho") em parceria com João Jardim ("Pro dia Nascer Feliz"). É muito bem escrito. A dramaticidade do protagonista é muito bem trabalhada. Suas dúvidas e indecisões são muito bem trabalhadas pelos roteiristas. Mesmo tratando-se de um curto espaço de tempo em que a história se desenvolve, o roteiro teve a habilidade de focar nas partes importantes, de modo que o filme não tornou-se monótono. O desenvolvimento dos personagens foi condizente com a realidade, apesar de enaltecer os pontos positivos de Getúlio e não desenvolvendo seus pontos negativos. O atentado ao jornalista (ponto em que o filme começa) é um mistério até hoje. Não se sabe o mandante do crime. Muitas pessoas foram ao cinema para descobrir o desfecho da história e ao não serem explicadas criticaram o longa por conta disso. Porém, o filme não se propõe em nenhum momento a explicar os verdadeiros fatos daquela noite. O objetivo do filme é demonstrar a pressão que Getúlio sofria e que mesmo vivendo rodeado por muita gente, acabava sozinho.

A direção também é de João Jardim. Seu movimento de câmera é muito fluido e acompanha a história naturalmente. O longa apresenta-se na maior parte do tempo no Palácio do Catete e tratando-se de um ambiente limitado, a movimentação de câmera foi bem feita de modo que o espectador não se sentisse claustrofóbico, mas ao mesmo tempo usando bem do ambiente para o desenvolvimento do roteiro. A caracterização de época do filme foi bem feita, decorrente de um bom trabalho no figurino. A direção de João Jardim preza por mostrar as emoções dos personagens, focando sempre em suas expressões faciais.

O elenco é muito forte. Tony Ramos está excelente interpretando Vargas. As expressões faciais são muito bem trabalhadas e o cansaço que o personagem vai sofrendo durante a história é muito bem transmitido pelo ator. A caracterização visual do ator também ficou muito boa, remetendo a figura física de Getúlio. Aliás, todo o elenco está muito semelhante aos personagens reais. O elenco coadjuvante consegue fazer um ótimo trabalho. Destaque para Drica Moraes que interpreta a filha de Getúlio. Sua atuação é primorosa e extremamente sentimental. Um ponto fraco, porém, é a atuação de Alexandre Borges que representa seu personagem de uma forma exageradamente forçada. O filme, para padrões brasileiros, é surpreendentemente bom. Mesmo não dando muitos detalhes sombrios sobre o ex-presidente, o longa serve como uma forma de aprendizado ao grande público. Contando com uma grande atuação de Tony Ramos, filme político se destaca pelo seu aprofundamento sentimental.

Nota: 

- Demolidor

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