segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica de "Walt nos Bastidores de Mary Poppins"

"Mary Poppins" é um clássico de 1964. Produzido por Walt Disney, o filme foi um sucesso e é relembrado até hoje. Como esquecer a babá mais famosa do mundo? Porém muitas pessoas não sabem o quanto foi difícil realizar o filme. "Walt nos Bastidores de Mary Poppins" ("Saving Mr. Banks") tenta explicar as divergências entre a autora do livro "Mary Poppins" P. L. Travels (Emma Thompson) e Walt Disney (Tom Hanks) em relação aos direitos autorais. Porém, temos que considerar que o filme é produzido pela Disney, contando um pouco da história de Walt Disney sobre uma divergência perante a um clássico da Disney. Muitas coisas da história real foram adaptadas e isso tornou-se um problema.

O roteiro é de Kelly Marcel ("Cinquenta Tons de Cinza") e Sue Smith. Ele é problemático. Enquanto o roteiro preza por enaltecer a arrogância de P. L. Travers e sua indignação perante à adaptação, ele enaltece as qualidades de Walt Disney. No filme, Disney é retratado como um homem prefeito, que sempre foi alegre e sempre se sacrificou para a felicidade dos outros. Sabemos que apesar de ser um homem importante na infância de muitas pessoas até hoje, Disney era um cara ambicioso. Não que ele não fosse bom, mas essa perfeição presente no filme inteiro incomoda. Além disso, o roteiro tenta que explicar a insatisfação da autora perante à adaptação, alegando que é decorrente de problemas com o pai. Grande parte do filme é rodado com flash-backs para contar a infância da escritora e sua relação com seu pai. A ideia não funciona, pois é anti-climática com a história principal. A ideia de construir uma relação entre pai e filha problemática, parece proposital para um certa dramaticidade na história da personagem. Com isso, o espectador se vê penetrado na história de vida de P. L. Travers e torce para que tudo dê certo. Muito desse desenvolvimento deve-se ao fato de que a autora não gostou do resultado final da obra (na vida real), coisa que o filme omite. Se quisessem contar a história dramática de Travers, não deviam ter feito isso com a Disney.

A direção é de John Lee Hancock ("Um Sonho Possível"). O diretor não inova na direção, o que o torna muito comum. Sua direção é extremamente simples e não sai dos personagens para demonstrar cenários e ampliar a fotografia, por exemplo. Aliás essa é mal notada infelizmente, tratando-se de um filme de época. O diretor também errou nas cenas de transição de flash-back, pois tentou conectar os acontecimentos do passado com os do presente, parecendo forçado demais. Os figurinos foram bem feitos, assim como a caracterização dos personagens, decorrente de uma boa maquiagem. A montagem do filme é defeituosa, principalmente pelas desnecessárias cenas de flash-back. A trilha sonora é instrumental e é constante no filme inteiro, acentuando o drama dos personagens.

O elenco está bem. Emma Thompson está muito bem no papel principal. O engraçado é que ela fez o papel da babá Nanny McPhee (um derivado da Mary Poppins). A atriz consegue desenvolver muito bem a personagem que foi dada a ela, de acordo com o roteiro. Tom Hanks possui uma atuação mediana, que não o faz ser o Tom Hanks que surpreendeu em "Capitão Phillips". Entendo que seu papel icônico é difícil, mas ele pareceu se basear nos estereótipos contados sobre o Walt Dinsey, em vez de dar mais profundidade ao personagem. O elenco coadjuvante é irregular, principalmente pela pífia atuação de Colin Farrell encarnando o pai de P. L. Travers. Porém, Paul Giamatti também faz um ponta no filme e está ótimo como sempre. A história do filme até que é boa, mas considerando os fatos reais é um verdadeiro insulto à P. L. Travers e um verdadeiro idolatrismo a Walt Disney.

Nota: 

- Demolidor

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