segunda-feira, 17 de março de 2014

Crítica de "O Grande Herói"

A Guerra do Afeganistão foi uma das mais marcantes e mais chocantes do século XXI. Apesar de ser uma guerra de grandes parâmetros, esse tema ainda não foi muito explorado no cinema (como foi a Guerra do Vietnã e a Segunda Guerra Mundial). Porém, mesmo não tendo muitas obras, uma delas é excepcional. "Guerra ao Terror", aquele filme que derrotou o poderoso "Avatar" no Oscar, é ótimo. Então nesse âmbito de Guerra do Afeganistão chegamos ao "O Grande Herói" (ou "Lone Survivor"). A trama acompanha um grupo de soldados americanos que tem a missão de matar o líder Talibã. Comandados por Marcus Luttrell (Mark Wahlberg), o grupo passa por dificuldades e agora eles precisam lutar sozinho contra um exército. A trama do filme é baseado numa operação verdadeira, realizada em 2005.

O filme é baseado no livro "Lone Survivor" do próprio Marcus Luttrell com Patric Robinson. O roteiro é adaptado por Peter Berg ("Battleship: A Batalha dos Mares"). Ao mesmo tempo que produz grandes acertos, o roteiro também peca em algumas coisas. O personagem principal é muito bem desenvolvido durante o filme todo, sempre com características próprias e valores morais que atraem o público. Já o resto dos soldados têm um desenvolvimento medíocre. Parece que o roteiro esqueceu de enaltecer o heroísmo do grupo inteiro para focar apenas em Marcus, afinal todos os outros soldados parecem sem emoções. As próprias relações que o roteiro impõe parecem superficiais e forçadas. O roteiro também peca em demorar muito. O filme é ideal para ter uma hora e meia de duração. Falando tão mal assim de algumas partes do roteiro, faz parecer o filme ruim. Mas, mesmo com todos esses problemas, o saldo é positivo, pois as atenções focam no protagonista e assim, o resto não faz falta.

A direção também é de Peter Berg. Ele conduz a direção de uma forma eficaz. Suas tomadas têm um tom documentarista que serve perfeitamente para o filme. Em algumas cenas, nos sentimos imersos no ambiente do filme e realmente acreditamos que aquela situação estava acontecendo. Se fosse para qualquer outro estilo de filme não daria certo, mas a escolha de Berg para esse filme em específico foi genial. Além disso, as cenas de tiroteio são muito bem coreografadas e a troca de tiros é muito realista. Todo o sangue decorrente de uma bala, o movimento do corpo de um homem perante a um tiro, tudo isso foi pensado milimetricamente para parecer o mais real possível. A fotografia incomoda. Mesmo que algumas vezes, o fotógrafo usa das belas paisagens da região para usar no filme, na maioria das vezes ele usa o contraste da luz do Sol na tela. Esse recurso quando usado uma ou duas vezes causa uma beleza imensa. Mas nesse filme percebemos em praticamente toda a cena o recurso sendo utilizado, prejudicando assim uma fotografia dinâmica. Os efeitos especiais de explosões são bem realistas, com base nos investimentos para o filme. A edição de som é impecável. Todos os sons são usados perfeitamente condizentes com as cenas em que aparecem. A trilha sonora também foi bem escolhida, num estilo mais melodramático para o estilo do filme.

O elenco resume-se a Mark Wahlberg ("O Vencedor"). Ele sustenta o filme praticamente sozinho e faz um excelente trabalho. Ele consegue ajudar no desenvolvimento do personagem, além de fazer um trabalho facial muito interessante. Todas as expressões faciais que ele apresenta durante o filme são muito expressivas e profundas. Além disso, a voz cansada, a aparência, tudo foi bem trabalhado por ele para ser o mais verossímil possível. O elenco coadjuvante não está ruim, mas eles não têm muito espaço. Afinal, com o roteiro não dando importância à eles, os atores são pouco acionados e quando são, fazem pouca diferença. O engraçado é que além de Mark Wahlberg, os mais reparados são os dublês. É notável o sofrimento e o trabalho que eles tiveram para gravar determinadas cenas, onde realmente se dá a impressão que o personagem está machucado.

O filme foi indicado a 2 Oscars (mixagem de som e edição de som). A história do filme é emocionante, marcante e impactante. Com certeza precisa ser conhecida. Mas também existe aquele lado americano que só conta a história de seus heróis. Porém esse filme, mesmo entrando nesse tipo de clichê, nos apresenta um bom protagonista e uma história cativante (que poderia ser um pouco mais curta). O longa só não alcançou a nota máxima pela falta de desenvolvimento dos personagens coadjuvantes. "O Grande Herói" é um filme que propõe-se a ser realista e consegue em vários aspectos como na direção, atuação, efeitos visuais, mas tem um pequeno problema no roteiro que não o torna perfeito.

Nota: 


- Demolidor

Nenhum comentário:

Postar um comentário