segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Crítica de "RoboCop"

"RoboCop - O Policial do Futuro" é um ficção científica cultuada de 1987 que marcou a geração de muitos amantes de cinema. O filme trazia uma crítica social poderosa, além de frases de efeito e personagens cativantes. Há alguns anos foi anunciado que o filme teria um remake. Os fãs já ficaram com um pé atrás, afinal é difícil refilmar um grande clássico. Depois, vieram os trailers e foi aí que a expectativa de todos ficou lá embaixo. Mas com expectativa alta ou baixa ou filme está aí. "RoboCop" conta a história do policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) que após sofrer um acidente perde grande parte do corpo e para sobreviver é colocado dentro duma máquina. Essa máquina, chamada RoboCop, é um projeto do Dr. Norton (Gary Oldman), chefiado por Raymond Sellars (Michael Keaton) que visa acabar com a criminalidade nos Estados Unidos.

O roteiro é de Joshua Zetumer, em seu primeiro longa-metragem. O cenário político é muito bem usado no primeiro ato do filme e ali formou-se a esperança de um bom filme. Porém, a trama vai se desenrolando e essa trama política é esquecida para dar lugar ao drama do protagonista. Enquanto no filme original, as duas tramas eram excelentemente conectadas, nesse filme uma não dá espaço para a outra. Além disso, ocorre um romance entre o RoboCop e sua mulher totalmente desnecessários. Parece que isso foi feito para dar um final feliz para o filme. O filme, assim, tornou-se familiar. Os diálogos são irregulares. Enquanto as cenas com Samuel L. Jackson são hilárias, o público sente a falta das frases de efeito presentes no filme original. A famosa frase "Dead or alive, you are coming with me!" foi usada ridiculamente. Porém o filme também faz referências boas como no uso da frase "I would buy that for a dollar!" e na fantástica trilha sonora. O desenvolvimento do personagem principal foi bem mal feito. O roteiro não se decide qual é a posição do RoboCop em relação ao mundo e isso confunde o espectador.

Pela primeira vez numa super produção hollywoodiana temos um brasileiro na direção. O responsável pela façanha é José Padilha. Ele é responsável por grandes filmes brasileiros como "Ônibus 174", "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro". A direção dele é bem notável no filme. A câmera que acompanha os movimentos táticos do personagem é muito bem usada. Os movimentos de câmera também são bem feitos e eficientes. Esse movimento que acompanha os personagens no chão, em vez de mostrá-los de cima, é muito característico dos filmes anteriores do Padilha e tornam sua direção autoral, pois isso mostra que ele não se omitiu perante aos produtores e dirigiu o filme da forma que gostaria. O filme passa-se alguns anos no futuro e a imagem que o longa proporciona é bem viável. A fotografia do filme não é bem usada e não é dado espaço a ela. Os robôs do filme, assim como as naves são bem feitos. O visual do RoboCop faz uma referência no início ao mostrar a cor cinza, mas depois já muda a cor e o estilo da roupa e fica mais parecido com o Homem de Ferro. Os tiros nas cenas de ação poderiam ser melhores, mas a direção ofuscou esse problema.

O elenco é razóavel. Joel Kinnaman possui uma atuação eficiente. Mas o problema não é a atuação. O problema é que ele é muito galã para fazer o papel. Ao escolher um galã para o papel, o filme perdeu o medo/horror que a cara do RoboCop passava ao público. Michael Keaton (Batman do Tim Burton) é o principal vilão do filme. Ele não faz uma atuação má, mas ele não tem cara de vilão. Parece que a escolha do elenco foi errada, não pelas atuações, mas pelo estilo de cada ator. Porém nem todas as escolhas foram más. Gary Oldman está excelente no papel e apresenta-se como o ator mais emotivo do longa. Samuel L. Jackson está muito bem interpretando ele mesmo, falando palavrões e sendo engraçado. O grande problema do filme é a produção. O roteiro, mesmo sendo superficial, dava para ser melhor trabalhado, principalmente com a auxílio do Padilha. Mas os produtores tomaram conta do filme. Eles não se importaram com o roteiro e com a história. Eles tornaram bons personagens e bons conceitos em cenas de ação. Afinal, o filme é um blockbuster do verão americano. Mas essas cenas de ação são muito cansativas e desnecessárias. Lógico que se você vai ao cinema querendo relaxar e descansar a cabeça, o filme é uma boa escolha. Mas se você quiser um bom filme profundo, a sugestão é o filme do Verhoeven. Se José Padilha tivesse total liberdade sobre o filme, aposto que veríamos uma excelente ficção científica com críticas à sociedade. Mas, como é um blockbuster comandado por produtores, obtemos um filme de ação para a família despreocupado com o roteiro.

Nota: 

- Demolidor

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