O roteiro é escrito por Steve Coogan e Jeff Pope ("O Lavador de Almas"). O roteiro é muito bem construído. Tratando-se de um drama que acompanha a luta de uma mãe em busca de seu filho perdido, o filme não é tão pesado assim. Usando de diálogos inteligentes e personagens caricatos, os roteiristas consegue introduzir esses alívios cômicos essenciais para não deixar o filme tão triste. Outro filme que usa da mesma premissa da luta de uma mãe à procura de um filho é "A Troca" de Clint Eastwood, mas este é pesado e triste, mas mesmo assim uma grande obra. Os personagens principais são desenvolvidos de uma forma brilhante. Os roteiristas usam dos estereótipos para promoverem uma luta de ideais. Por um lado temos uma senhorinha irlandesa católica fervorosa e no outro temos um jornalista de meia-idade e renegado que duvida da existência de Deus. De modo algum o roteiro favorece algum, apenas enriquece a relação entre os principais. Além disso, o roteiro critica a Instituição da Igreja Católica Irlandesa, demonstrando os sofrimentos das mães que tiveram seus filhos perdidos para sempre por um suposto ato de "pecado". O roteiro apresentando-se de forma leve, ao mesmo tempo toca o coração e diverte o espectador que aprecia cada momento do filme.
A direção do filme é belíssima. Stephen Frears ("A Rainha") usa de cores claras para demonstrar os ambientes em que os protagonistas passam à procura do filho perdido. Porém, ao chegarem na Igreja, o diretor usa de cores escuras e sem vida, demonstrando uma ideia de depressão. O próprio figurino dos dois começa escuro e depois de aprimorarem sua relação, começa a clarear. A câmera apresenta-se de forma simples e orgânica, demonstrando uma certa simplicidade de filmagem, mas que não atrapalha em nada o andamento da história. A fotografia do filme é muito bem feita e as paisagens mostradas ao fundo são de uma beleza e leveza imprescindível. A trilha sonora também é doce e emocionante. Ela entra nos momentos certos e inspiram emoção. O figurino, como já dito, ajuda no desenvolvimento da relação entre os personagens. A montagem do filme é muito bem feita e não deixam nenhuma cena inútil no filme.
As atuação são excelentes. Steve Coogan (também roteirista do filme) possui uma boa atuação. Ele expressa os sentimentos e a crise da meia idade que seu personagem sofre de forma realista. As reações dele também são bem trabalhadas. Mas o ator é muito ofuscado pelo brilhantismo da sempre excepcional Judi Dench ("Shakespare Apaixonado"). A atriz apresenta uma ótima atuação tanto cômica quanto dramática. Na parte de caracterizar a personagem cômica, a atriz atribui à personagem uma inocência que faz o público se apegar ainda mais à personagem. Nas partes dramáticas, a atriz consegue demonstrar tristeza e emoção de uma forma que nos faz pensar que ela está realmente sentindo aquilo. Isso é simplesmente inexplicável. A única forma de sentir isso é vendo o filme. Não é a toa que o filme promoveu a 7° indicação da atriz ao Oscar, sendo que ela é vencedora pelo papel em "Shakespare Apaixonado". Os personagens secundários pouco aparecem e quando o fazem são totalmente ofuscados pelo entrosamento entre a dupla principal.
O filme é indicado a 4 Oscars ( filme, roteiro adaptado, atriz - Judi Dench e trilha sonora). Creio, porém, que o filme não será tão elogiado pela Academia por criticar a Igreja Católica e também em algumas partes o filme satiriza a cultura americana (afinal o filme é inglês). Mas o fato do filme não levar nenhum Oscar, não o desmerece, afinal o Oscar não é sinônimo de qualidade. O filme conta com uma atuação primorosa de Judi Dench e com um roteiro bem construído que o tornam um excelente drama com uma pitada do assíduo humor inglês.
Nota:
- Demolidor
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