quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crítica de "Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum"

Os Irmãos Coen, possivelmente, são os maiores diretores de sua geração, competindo o posto de primeiro lugar com Quentin Tarantino (sendo que este nasceu depois). Joel e Ethan Coen são diretores que gostam de abordar temas diferentes com estruturas narrativas diferentes. Por exemplo, os meus três filmes preferidos deles são: "Onde os Fracos não têm Vez" (uma mistura de thriller com drama), "Fargo" (uma comédia de erros) e "Bravura Indômita" (um faroeste). Agora, os diretores resolveram prestar uma grande homenagem à musica folk nesse drama. Llewyn Davis (Oscar Isaac) é um músico folk fracassado na Nova York dos anos 60. O filme acompanha Llewyn em sua jornada em busca de oportunidades musicais, ao mesmo tempo, que desenvolve suas relações com as pessoas apresentando os arquétipos da sociedade da época.

O roteiro é de Joel Coen e Ethan Coen. Eles conseguem introduzir o espectador ao ambiente do filme de uma forma naturalíssima. O protagonista do filme tem um excelente desenvolvimento. Como já disse, o filme acompanha não só a busca pelo sucesso artístico, mas também as relações do personagem com a sociedade. Cada personagem do filme representa algo que falta na personalidade de Llewyn, e, o personagem vai  se auto-descobrindo e percebendo o que há de errado. O mais marcante dessa evolução é quando o gato aparece. Aquele gato apresenta um simbolismo lógico, pois parece que ele é a única coisa por qual Llewyn se importa. Além de apresentar um roteiro sensacional, os Coen realizaram um excelente trabalho ao não tentar retratar algum artista famoso como Bob Dylan, mas um, dentre vários outros, músicos fracassados. As músicas presentes no filme, além de produzirem uma beleza auditiva também são encaixadas perfeitamente na história, sendo exibidas nos momentos certos do filme. Cada música tem seu significado e que pode ser transformado na jornada de Llewyn. Aliás, a escolha do nome do personagem é inusitada. Os Coen já usaram esse nome para o personagem de Josh Brolin em "Onde os Fracos não Têm Vez" e agora, mais uma vez, usam-no. Interessante.

A direção também é dos Irmãos Coen. Porém, normalmente, quem conduz a direção é Joel e Ethan apenas dá alguns palpites. Nesse filme não parece diferente, afinal a direção de Joel é notável. Os movimentos de câmera que prezam por detalhismos do cenário, decorrendo do foco da história são típicos dos trabalhos anteriores da dupla e aqui se mantém. A direção consegue desenvolver bem as cenas dando atenção a esses mínimos detalhes. Outro ponto do trabalho deles que é reconhecível são os cortes. Eles sempre são feitos nos momentos certos e, logo depois, já introduzem uma cena nova no meio de um diálogo, coisa que outros diretores esperam acontecer o corte para começar a desenvolver o diálogo. Esses cortes rápidos e inteligentes dão ao filme uma excelente montagem. Além disso, a fotografia do filme que se apresenta de uma forma melancólica é bem usada e os efeitos sonoros também são marcantes. Como o filme é sobre a música, nele canções estão presentes constantemente. É visível o trabalho do editor de som que encaixa determinada música na cena ideal, além de produzir um som puro e audível. Aliás, as músicas são extremamente tocantes e as letras muito bonitas. Realmente faz o espectador procurar um pouco mais sobre o gênero folk.

O elenco foi bem selecionado. Oscar Isaac ("Robin Hood") interpreta Llewyn Davis. Sua atuação é surpreendente, afinal é seu primeiro papel e ele, praticamente, leva o longa inteiro nas costas. Artisticamente falando Oscar não é excelente, porém seu trabalho merece ser valorizado e pode despertar interesse de produtores e diretores. A sua atuação é consistente e eficiente. O filme é dotado de vários atores coadjuvantes. Não tem como assistir o filme sem reparar em John Goodman (na 6° parceria com a dupla). Mesmo tendo pouco tempo de tela, o tempo que dispõe John apresenta um personagem caricato, que adora insultar as pessoas e, é claro, torna-se um excelente alívio cômico. Justin Timberlake também tem uma participação no filme e ele finalmente entendeu seu lugar. Em trabalhos recentes, o ator/músico interpretava uma pessoa "normal". Nesse filme, porém, Justin interpreta um músico e é isso que o faz atuar bem. O filme possui apenas 2 indicações ao Oscar (fotografia e mixagem de som). A Academia mostra-se mais uma vez injusta, pois "Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum" supera muitos dos concorrentes. Os Irmãos Coen prestam uma grande homenagem à musica folk dos anos 60, se esquivando dos estereótipos de apresentar histórias de artistas famosos, para apresentar uma excelente história de um "homem comum".

Nota: 

- Demolidor

Nenhum comentário:

Postar um comentário