sábado, 15 de fevereiro de 2014

Crítica de "Ela"

Spike Jonze surtado! O roteirista e diretor desse filme se superou nas ideias e criou uma história um tanto estranha para os olhares de fora, mas incrível para os espectadores do filme. Essa história consiste em Theodore (Joaquin Phoenix) se apaixonando por uma inteligência artificial (Scarlett Johansson). Num futuro não muito distante (pelo menos é o que se dá a entender), são criados os SOs (provavelmente sigla para sistemas operacionais). Theodore, deprimido por seu recente divórcio, e sem um rumo para sua vida, acaba comprando um. Surpreende-se pela inteligência e sentimentos de sua SO, e acaba por começar uma relação amorosa com ela. O roteiro é realmente espetacular. A forma como Spike Jonze introduz uma ideia completamente estranha fazendo-a parecer natural é realmente de se admirar. O personagem Theodore é extremamente bem trabalhado e seu amor pelo computador não parece algo bobo, como pareceria se o roteiro fosse medíocre. Seus sentimentos são completamente realistas, sua depressão tem um motivo pra existir, o conflito dentro de si mesmo por amar uma pessoa mas também saber que esta pessoa não é "de verdade" também é muito bem pontuado. Por outro lado, também temos o conflito de Samantha, a SO. Que, mesmo amando Theodore, sabe que ela não é o suficiente para ele, pois ela não está ali realmente. O roteiro é realmente fantástico. Não é à toa que está indicado à categoria Melhor Roteiro Original no Oscar deste ano.
Mas mesmo com um roteiro bom, o filme precisa de alguém para representa-lo bem. Joaquin Phoenix dá um show de atuação fazendo o espectador por um momento esquecer que ele é apenas um ator interpretando e começar a achar que aquilo é de verdade. Seu envolvimento com o personagem é realmente perceptível. Sua depressão, seu caminho para a superação, seus sentimentos, seus conflitos, além de muito bem pontuados no roteiro, são muito bem representados por Phoenix. Também temos a atuação de Scarlett Johansson como Samantha. Bom, na verdade o rosto dela não aparece no longa, mas a voz aparece constantemente, tornando-se o computador, o principal personagem coadjuvante. Sua interpretação é boa. Em certos momentos, dá a sensação que há alguém de verdade em outro lugar falando, mas elas são sempre passageiras, o que é muito bom pro desenvolvimento do filme. Atuando no longa também está Amy Adams (Amy), que é uma antiga amizade de Theodore. Está bem, mas o papel é praticamente terciário. Completando o elenco principal, temos Rooney Mara e Olivia Wilde.
Em termos de visual e fotografia, o filme também se destaca. Ele possui alguns efeitos especiais como hologramas e computadores mais avançados, mas não é o foco do filme. Aquilo está ali só para estabelecer o futuro. Não é algo que desvie a atenção do espectador como em filmes de ficção científica por exemplo. Na fotografia e no figurino existem também elementos interessantes. Theodore usa várias cores de roupa, como azul que significa confiança e estabilidade, o amarelo que é a alegria, mas a cor que predomina é o vermelho. Não só nas vestimentas, mas também nos cenários. Ele significa amor, força e guerra. Afinal, dentro dele existia uma "guerra" entre o coração e o cérebro. O filme está indicado ao Oscar de Melhor Design de Produção.
A direção de Spike Jonze é extremamente eficaz. Ele que vinha de filmes como "Quero ser John Malkovich" e "Onde vivem os Monstros", mostrou que ainda é genial não só na direção, mas também no roteiro. A câmera tem uma ligação forte com o protagonista, por exemplo, em momentos de alegria, ela se move dinamicamente, mas em momentos de depressão, ela se mantém estática. Além disso, o filme é parado, praticamente só de diálogos. Mas mesmo assim, o espectador não cansa em nenhum momento durante as duas horas. Isso é um enorme mérito tanto para a direção quanto para o roteiro.
"Ela" é um filme extremamente interessante e profundo, além de muito bem construído e montado. Está indicado para quatro Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, merecidos. Afinal a maneira como Spike Jonze transforma uma premissa completamente estranha em algo natural é extremamente fantástica.

Nota:





- Bilbo

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