Mas mesmo com um roteiro bom, o filme precisa de alguém para representa-lo bem. Joaquin Phoenix dá um show de atuação fazendo o espectador por um momento esquecer que ele é apenas um ator interpretando e começar a achar que aquilo é de verdade. Seu envolvimento com o personagem é realmente perceptível. Sua depressão, seu caminho para a superação, seus sentimentos, seus conflitos, além de muito bem pontuados no roteiro, são muito bem representados por Phoenix. Também temos a atuação de Scarlett Johansson como Samantha. Bom, na verdade o rosto dela não aparece no longa, mas a voz aparece constantemente, tornando-se o computador, o principal personagem coadjuvante. Sua interpretação é boa. Em certos momentos, dá a sensação que há alguém de verdade em outro lugar falando, mas elas são sempre passageiras, o que é muito bom pro desenvolvimento do filme. Atuando no longa também está Amy Adams (Amy), que é uma antiga amizade de Theodore. Está bem, mas o papel é praticamente terciário. Completando o elenco principal, temos Rooney Mara e Olivia Wilde.
Em termos de visual e fotografia, o filme também se destaca. Ele possui alguns efeitos especiais como hologramas e computadores mais avançados, mas não é o foco do filme. Aquilo está ali só para estabelecer o futuro. Não é algo que desvie a atenção do espectador como em filmes de ficção científica por exemplo. Na fotografia e no figurino existem também elementos interessantes. Theodore usa várias cores de roupa, como azul que significa confiança e estabilidade, o amarelo que é a alegria, mas a cor que predomina é o vermelho. Não só nas vestimentas, mas também nos cenários. Ele significa amor, força e guerra. Afinal, dentro dele existia uma "guerra" entre o coração e o cérebro. O filme está indicado ao Oscar de Melhor Design de Produção.
A direção de Spike Jonze é extremamente eficaz. Ele que vinha de filmes como "Quero ser John Malkovich" e "Onde vivem os Monstros", mostrou que ainda é genial não só na direção, mas também no roteiro. A câmera tem uma ligação forte com o protagonista, por exemplo, em momentos de alegria, ela se move dinamicamente, mas em momentos de depressão, ela se mantém estática. Além disso, o filme é parado, praticamente só de diálogos. Mas mesmo assim, o espectador não cansa em nenhum momento durante as duas horas. Isso é um enorme mérito tanto para a direção quanto para o roteiro.
"Ela" é um filme extremamente interessante e profundo, além de muito bem construído e montado. Está indicado para quatro Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, merecidos. Afinal a maneira como Spike Jonze transforma uma premissa completamente estranha em algo natural é extremamente fantástica.
Nota:
- Bilbo
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