sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Crítica de "O Lobo de Wall Street"

Martin Scorsese é um gênio. Disso, todos já sabem. O diretor é responsável por grandes clássicos do cinema como "Taxi Driver", "Touro Indomável" e "Os Bons Companheiros", que estão em muitas listas dos melhores filmes da história. Repare que todos esses longas citados são frutos da parceria do diretor com o ator Robert De Niro. Com tão boa carreira, Scorsese poderia facilmente viver de seus grandes filmes. Porém depois da virada do milênio, o diretor se renovou. Começou uma nova parceria, agora com o ator Leonardo DiCaprio. O primeiro filme dessa parceria foi "Gangues de Nova York", seguido por "O Aviador", "Os Infiltrados", "Ilha do Medo" e agora "O Lobo de Wall Street". O que mais me fascina em Scorsese é sua facilidade de mudar de gênero e continuar num alto patamar. Vamos tomar por exemplo os três filmes anteriores ao Lobo. Em 2010, Scorsese dirigiu o excelente suspense psicótico "Ilha do Medo". Em 2011, o diretor dirigiu um documentário sobre a vida do beatle George Harrison intitulado "George Harrison: Living in the Material World". No mesmo ano, ele fez o filme infantil "A Invenção de Hugo Cabret". Um suspense, um documentário, uma aventura. O que viria em seguida? "O Lobo de Wall Street" veio. O filme é uma comédia baseada na autobiografia de Jordan Belfort. Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) é um homem muito ambicioso que decide trabalhar numa agência de valores em Wall Street. Ele é instruído por Mark Hanna (Matthew McConaughey), porém acontece uma crise financeira que quebra a Bolsa de Valores e então ele é despedido. Pelo seu próprio talento de persuadir as pessoas a comprar o que ele indica, Jordan cria uma agência de valores juntamente com parceiros seus, dentre eles Donnie Azoff (Jonah Hill) e passa a ganhar muito dinheiro. A partir de então Jordan e seus parceiros apresentam uma literal história de sexo, drogas e rock'n roll e de como o dinheiro pode corromper o ser-humano.

O roteiro é adaptado do livro com o mesmo nome de Jordan Belfort. O roteirista é Terence Winter ("Família Soprano") e ele faz um bom trabalho. O roteiro apresenta diálogos rápidos e cativantes, que tornam o filme divertido. Os personagens são bem desenvolvidos, assim como a relação entre eles. É interessante a forma como o roteiro enaltece a habilidade de Jordan Belfort em enganar as pessoas, pois desse jeito o filme mostra do que ele era capaz para suprir sua ambição. O roteiro é bem fiel aos fatos, não escondendo nada e não demonstrando fatos fictícios. Outra coisa bem interessante do filme é o fato dele ser narrado em primeira-pessoa pelo protagonista, pois assim parece que ele próprio está contando a sua história. O roteiro apesar de bem fiel e divertido pode chatear algumas pessoas pela duração. São 3 horas de um filme de comédia, onde as cenas de ação empolgantes são raras. Talvez o roteiro tenha sido um pouco longo demais para algumas pessoas, e isso é absolutamente compreensível. A direção de Martin Scorsese é excelente. O diretor usa das ambientações que o filme propõe para usar ângulos de câmera inteligentes. Além disso, principalmente no escritório da agência, o diretor faz a câmera passear pelo cenário de forma totalmente orgânica, mostrando cada corretor fazendo sua respectiva tarefa. O diretor também acerta nas cenas em que Jordan fala diretamente com a câmera. Elas fazem parecer que o corretor está dando conselhos ao espectador e isso faz com que a atenção prenda-se mais.

O elenco está sensacional. Leonardo Di Caprio está muito bem no papel principal. Ele representa de forma ótima as obsessões e vícios de Jordan. O ator apresenta ótima fluidez nos diálogos, nas mudanças de tom de voz, nas caras e bocas... Uma coisa que me fascina no ator é a sua construção de carreira. Após o sucesso de "Titanic", onde ele não estava tão bem no papel, muitos achavam que ele não faria mais nada. Porém o ator escolheu os melhores diretores que podiam ajudá-lo a melhorar sua caracterização. Ele trabalhou nos 5 filmes já citados com Scorsese, além de atuar com outros grandes diretores como Quentin Tarantino em "Django Livre", Clint Eastwood em "J. Edgar" e Cristopher Nolan em "A Origem". Parece que com tantos grandes filmes, Leo ganhou experiência e moral e atualmente é um grande ator que tem uma grandiosa carreira pela frente. O ator coadjuvante principal é Jonah Hill ("Anjos da Lei"). O ator atua de forma muito caricata. Nas cenas em que ele é exigido ele faz um papel engraçadíssimo e todas são motivos de risadas. O esforço do ator é notável e ele dá um desenvolvimento próprio ao personagem. Matthew McConaughey (indicado ao Oscar por "Clube de Compras Dallas") dá só uma palinha no filme, mas a cena do restaurante onde ele dá conselhos para Jordan é excepcional. Todo o resto do elenco atua de forma razoável, principalmente porque esses 3 atores citados roubaram a cena totalmente.

O filme não possui nenhum efeito especial relevante e a fotografia não é notada. O figurino porém está ótimo, assim como a maquiagem. A trilha sonora musical foi escolhida belamente, pois cada música tem o ritmo certo para cada situação em que ela é colocada. O filme é indicado a 5 Oscars: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor ator e melhor ator coadjuvante (Jonah Hill). A força do filme não é muito grande perante aos outros na Academia, mas não seria maldade dar um ou dois prêmios ao Lobo. O filme ganhou um Globo de Ouro pela atuação de DiCaprio. Scorsese ousa ao contar uma história que precisava ser conhecida de uma forma cômica que faz jus a expressão "sexo, drogas e rock'n roll".

Nota: 


- Demolidor

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