quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"Rastros de Ódio"

"Rastros de Ódio" (em inglês "The Searchers") é um filme americano do gênero western feito em 1956. A história acompanha Ethan Edwards (John Wayne) que acaba de lutar na Guerra Civil Americana e resolve voltar para a casa do irmão, no Texas. Ethan e os rangers (grupo de cavaleiros que defendiam as cidades) foram atraídos pelos índios comanches para uma zona aberta, porém não havia nenhum índio lá. Descobriu-se que os comanches foram para a casa do irmão de Ethan e mataram seu irmão, sua cunhada e seu sobrinho. Porém eles ainda tinham dúvidas sobre as meninas mais novas, sobrinhas de Ethan. O homem junto com um sobrinho bastardo chamado Martin Pawley (Jeffrey Hunter), vai atrás dos comanches para um possível resgate, mas com certeza para vingar a morte da família.
O roteiro é bem trabalhado e apresenta diversos fatos históricos da época (como a própria Guerra Civil Americana). A história de vingança foi bem criativa, mesmo este sendo um tema recorrente nos filmes western. A relação entre os protagonistas é uma crítica social, pois Ethan é um homem racista e precisa aprender a conviver com seu sobrinho bastardo (que é filho de índios). Além desses, outros personagens provocam risadas como Mose Harper (Hank Worden), um velho meio louco e que é obcecado por cadeiras de balanço.
A direção pertence a John Ford (considerado o maior diretor de faroeste) e ele consegue deixar uma história de vingança relativamente leve. Ele não foca nos massacres dos índios, mas sim nas expressões dos que assistiram aquilo. Dessa forma, John Ford foca na humanidade dos personagens, em vez de mostrar cenas violentas e desnecessárias. Além disso, deixa o filme bastante compacto, com cerca de duas horas o filme consegue começar e terminar uma história sem deixar nada por aberto.
O elenco também é ótimo. John Wayne muda um pouco de seu estilo de personagem. Acostumado a fazer mocinhos politicamente corretos, Wayne nesse filme continua fazendo um mocinho, porém racista, arrogante e desrespeitoso. Ele passa muito bem essas características e demonstra que é um ator prático (qualquer tipo de personagem ele interpreta bem). Além dele, Jeffrey Hunter também passa a imagem de um garoto inexperiente no amor e na guerra, porém que sempre amou sua família, mesmo não tendo nascido da família. Hank Worden é responsável pelos alívios cômicos e os diálogos em que ele participa são hilários. O resto do elenco não possui uma participação ativa, mas todos eles não deram vexame nos seus momentos.
A fotografia do longa é belíssima. Como de praxe nos westerns, o diretor consegue pegar num mesmo plano dois exércitos e ao fundo o visual de um deserto deslumbrante. O foco da câmera (como já falei) foi nos personagens, mas nos momentos de reunião entre muitas pessoas a câmera subitamente deixa de acompanhar determinado personagem para mostrar o ambiente inteiro. Isso é fantástico, e torna o trabalho de John Ford notável.
O filme é emocionante e reflexivo. Ele aborda temas como preconceito, amor à família e as diferenças entre dois povos que são atuais ainda hoje e merecem ser analisados. Existem momentos de risadas, mas o clima do longa é mais tenso, mas também não é nada demasiado. A tensão foi proposta duma forma ideal. Enfim, o filme é a perfeita união dos xarás John (um atuando e o outro dirigindo) que tornam "Rastros de Ódio" um dos melhores filmes de faroeste já feitos e imperdível para fãs de cinema.

                                         
                                                                                                                          - Demolidor

Nenhum comentário:

Postar um comentário